Immersive horror: um fenômeno assustador se espalha pelos EUA

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Imagine entrar de fato no cenário de um filme de terror, conversar com os personagens e mudar o rumo da história? Conhecida como Immersive Horror, uma experiência que mistura ficção e realidade, presente em multiplataformas ao mesmo tempo, tem assustado adeptos nos Estados Unidos, sobretudo em Los Angeles, onde iniciativas desse tipo começaram a pipocar no ano passado.

O assunto ganhou tanto peso que virou tema de uma mesa no importante festival South by Southwest, realizado no último mês no Texas (EUA). Participaram da discussão os criadores do The Tension Experience, um projeto ambicioso do diretor Darren Lynn Bousman, do produtor Gordon Bijelonic e do escritor Clint Sears que mobilizou o público ao longo de nove meses em uma trama com ARG (alternate reality game), quebra-cabeças, experiências ao vivo, performances e realidade virtual.

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Fazendo uma comparação tosca com o passado, é como entrar numa casa assombrada, dessas que existem em parques de diversão, só que, nesse caso, em muitos momentos os participantes perdem a noção do que é real e imaginário. Os elementos da trama surgem em diversos meios (redes sociais, vídeos, mensagens de celular) e até em aparições reais. Tudo coordenado por roteiristas que tratam a experiência de cada pessoa como única.

Pense no mundo criado na série Westworld ou em um dos episódios de Black Mirror, pegando exemplos mais recentes. É mais ou menos isso o que Darren Lynn Bousman, diretor de vários filmes da franquia Jogos Mortais, propõe em The Tension Experience. No início de 2016, ele e o roteirista Clint Sears bolaram um jogo virtual, criando um site e recrutando pessoas por e-mail para ingressarem em um culto secreto. Foi o início de uma jornada que duraria nove meses.

Muita gente mergulhou de cabeça no enredo sobre uma garota de Ohio que vai para Los Angeles tentar a vida como atriz e acaba raptada por uma organização secreta, a O.O.A. Institute. Cada passo do jogo envolve a descoberta de pistas. No início, um post do Facebook tinha escondido uma série de códigos que levavam a um número de telefone. Quando os participantes ligavam para esse número, uma mulher atendia e informava o endereço de uma armazém abandonado. Ali, cada um era entrevistado pelo suposto líder da seita (interpretado por um ator).

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Ao desenvolver pistas e mistérios em várias plataformas, estimulando inclusive a pessoa a sair de casa e cumprir tarefas em locações reais, Bousman criou um mundo próprio que ultrapassa as fronteiras virtuais, dando ao jogo uma verossimilhança macabra. Em relatos de participantes, muitos não sabiam se estavam lidando com atores ou conversando com outros jogadores.

O clímax da história aconteceu num ambiente real, em Boyle Heights, um bairro operário de Los Angeles, em 8 de setembro de 2016, vários meses depois do início do enredo. Naquele dia, os participantes tiveram que percorrer 24 salas, interagir com atores que já faziam parte da história e tentar encontrar e salvar a garota de Ohio.

Um artigo escrito pelo jornalista Bryan Bishop, que mediou a discussão de Immersive Horror no South by Southwest, para a The Verge define a experiência como um divisor de águas na história do storytelling. “The Tension Experience promove uma interação dramática da audiência. É uma experiência construída em camadas de enredo que traz vida nova para a maneira de contar histórias usando diversas media”.

Usar esse tipo de ação como ferramenta criativa de marketing para divulgar um filme ou projeto, como é o caso de Cloverfield, por exemplo, já rola, levando a audiência para fora (ou dentro) da tela, mas Bousman elevou essa questão a um patamar surreal. Será o futuro do live horror?

PS: Coisa parecida rolou no Overlook Film Festival, uma mostra que exibiu de 27 a 30 de abril deste ano diversos filmes de terror no icônico hotel onde foi filmado “O Iluminado”, de Stanley Kubrick, localizado no estado de Oregon, nos Estados Unidos. Durante os quatro dias de festival, convidados com credenciais puderam participar de um jogo organizado pela produtora Bottleneck Immersive com a participação de atores, pistas espalhadas pelos cômodos e reviravoltas no roteiro.

 

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