
A banda americana Mastodon acaba de ganhar mais um prêmio para incluir em sua coleção, o Grammy de melhor performance de metal pela música Sultan’s Curse, do álbum Emperor of Sand. Foi a quarta indicação do grupo nessa categoria. Há uma reverência galopante entre críticos de música, fãs e jornalistas que sugere a seguinte pergunta: será o Mastodon o principal nome do metal de sua geração?
Fundado entre 1999 e 2000, em Atlanta (EUA), o grupo composto pelos guitarristas Brent Hinds e Bill Kelliher, o baixista Troy Sanders e o baterista Brann Dailor, que faz uma inovadora mistura de rock progressivo e metal, lançou o primeiro álbum, Remission, em 2002, pela gravadora Relapse Records. O reconhecimento, no entanto, veio com o disco seguinte, Leviathan (2004), o álbum conceito que se inspira nas aventuras narradas pelo escritor Herman Melville na clássica obra do século 19 Moby Dick.
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Esse importante marco na carreira do grupo catapultou-os à posição de principal nome do heavy metal surgido após o ano 2000, conquistando o apreço de várias publicações dedicadas ao gênero. Com sua combinação de brutalidade, letras cantadas por todos os integrantes da banda e arranjos criativos e complexos, Leviathan foi eleito o álbum do ano pelas revistas Kerrang e Terrorizer. Para a Rolling Stone, está entre os melhores álbuns de metal de todos os tempos.

Depois disso, com a preocupação de ampliar as fronteiras do próprio som a cada novo lançamento, o Mastodon naturalmente começou a ser encarado como estandarte do metal atual, ainda que muita gente torça o nariz para o som da banda — alguns nem chegam a considerá-la como legítima representante do heavy metal, estaria mais abraçada ao rock.
Com o mais recente Emperor of Sand, de 2017, eles alcançaram o topo da Billboard e, nos últimos anos, aparecem com frequência em listas top-10, top-50, top-100. Para a Revolver, trata-se da “banda de metal mais importante de sua geração”, assim mesmo, sem meias palavras.
Aí me veio a pergunta: será que não há exagero nessa classificação? O Mastodon é mesmo tudo isso? Conversei então com jornalistas e produtores para saber a opinião deles sobre o assunto.
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Dan Epstein é um respeitado jornalista de música que colabora frequentemente com publicações como Rolling Stone e Revolver. Ele disse em entrevista ao Cruz e Empada que alguns fatores fizeram com que o Mastodon ganhasse terreno na última década. “Eles são uma banda que fez grandes discos ao longo da carreira. Não têm medo de transpor suas próprias fronteiras criativas, sem perder a identidade musical. Cada disco é diferente um do outro, mas cada um deles é facilmente identificável como um disco do Mastodon”, diz.
Fã confesso da banda, Epstein afirma que “eles impressionam tanto pela habilidade técnica das composições quanto pela emoção”. Ao ser questionado se são os melhores que surgiram pós-2000, o jornalista americano diz: “Com a possível exceção do Slipknot, não consigo lembrar de outra banda de metal neste século que conseguiu pavimentar novos caminhos no metal sem comprometer os próprios princípios”.
A meu ver, a popularidade lá fora, principalmente nos EUA, a casa dos caras, toma proporções bem maiores do que aqui no Brasil.
Ricardo Batalha, redator-chefe da Roadie Crew, faz sua análise pessoal sobre o Mastodon: “Não sou fã, não gosto dos vocais, mas é inegável que eles criaram algo pessoal mesclando diversos estilos. O Mastodon tem personalidade e isso conta muito. Lembro que a banda surpreendeu pela mistura maluca de elementos distintos, algo que sempre vimos no rock. Porém, no caso deles, o baterista Brann Dailor e o guitarrista Bill Kelliher vieram do Lethargy e do Today Is the Day, que também faziam música experimental e repleta de elementos distintos. Já havia essa experiência prévia dos integrantes”.
Para Batalha, é um exagero afirmar que eles formam a banda de metal mais significativa deste século. “É mais uma dentre tantas outras bandas de qualidade e personalidade que surgiram nos últimos tempos, mas não é a melhor ou a única. Algumas caem no gosto da mídia, outras ficam nos porões sujos do underground, apenas isso”, afirma.
Proprietário da produtora Overload, responsável pelo Overload Music Festival e na ativa há 13 anos trazendo para o Brasil shows de rock e metal, Gustavo Garcia gosta do som deles, mas não fala como fã de carteirinha. “Por algum motivo, acabei sendo atraído mais para outras bandas dessa geração, especialmente o Baroness. Sobre inovação, acho que o Mastodon sabe usar elementos de diferentes estilos pra criar algo único. Além disso, estão sempre mudando: é difícil prever o que vem no disco seguinte.”
Quando olha o contexto para situá-los no tempo, Gustavo diz que “é certamente uma das principais bandas de rock pesado surgidas neste século”. Para ele, “o Grammy que eles ganharam deve ajudar, mas, sinceramente, considero essa premiação irrelevante para o nosso cenário”.
Que outra banda de metal merece esse posto?
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