
Santa Clarita Diet pode ser uma piada de mau gosto para alguns, que podem acusar a nova série do Netflix, que estreou neste mês, de brincar com violência, morte e canibalismo e abusar do humor sarcástico. Sempre há puritanos de plantão no sofá. Eu, por outro lado, me diverti com os três primeiros episódios da primeira temporada. Afinal, ver a Drew Barrymore, que andava meio sumida dos cinemas, encarnando uma corretora de imóveis que morre e se transforma num zumbi sedento por carne humana é impagável.
Na série criada por Victor Fresco, ela interpreta Sheila, que é casada com o também corretor de imóveis (os dois fazem visitas juntos com clientes) Joel, (Timothy Olyphant), que adora se esconder no carro para fumar um baseado. Eles são casados há mais 20 anos, moram num subúrbio rico da Califórnia e têm uma filha, Abby, que fala o que lhe dá na telha sem medo de sermões.
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Estamos falando de uma produção de zumbis, mas atípica e original. Primeiro, por colocar uma mulher-zumbi como protagonista, depois por tirar sarro do gênero sem medo de parecer ridículo (muitas vezes, é ridículo mesmo) e, por fim, tem o mérito de humanizar e dar graça a uma criatura normalmente moribunda, pálida, sorumbática. Há uma inversão de valores: Sheila, antes de se tornar uma morta-viva, é uma pessoa insegura e sem graça; depois de virar um zumbi, quer tomar conta de todas situações, xinga todo mundo, se joga na pista com as amigas e se sente mais viva do que nunca, ainda que isso possa parecer um paradoxo.
A premissa de ter um parente em casa que se alimenta de carne humana rende ótimas piadas: ela e o marido, evitando ao máximo matar pessoas para saciar a fome dela, visitam um necrotério e pagam uma grana para levar um pé congelado para casa; planejam encomendar drogas e armar uma cilada para um jovem traficante, que acaba se enturmando com Joel.

Acho uma delícia ver efeitos especiais à luz do dia, eles parecem ainda mais reais. Em Santa Clarita Diet, as cenas mais violentas e nojentas acontecem em locações típicas de uma comédia romântica de classe média-alta, em ambientes polidos, com pessoas bem vestidas e se comportando decentemente. O prazer de sujar algo muito limpo é bem maior do que o que já está meio sujo. Acho que essa é a lógica aqui, resumindo porcamente a minha impressão sobre a série.
A questão é até onde as piadas durarão, sem a necessidade de uma trama mais elaborada? Como disse, assisti aos três primeiros episódios e algumas passagens soaram repetitivas.
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