Fui ver o Ratos de Porão no Sesc Pompeia, em São Paulo, no último domingo, e saí mais impressionado com a banda que abriu o show deles, o Test. É um duo formado pelo vocalista e guitarrista João Kombi e pelo baterista Thiago Barata. Só os dois no palco, um virado para o outro, fazendo um barulho de estremecer o teto, sem ligar muito para a plateia.

Com letras esgoeladas em português, os caras misturam death metal com grindcore num estilo seco, rápido e matador que remete ao Napalm Death. Barata é assustador na bateria, é mais rápido que o papa-léguas (lado a lado com o Bolt), seus braços parecem sumir com os movimentos. Cadencia o ritmo em alguns momentos, para explodir em seguida. João modula a voz entre o gutural e os gritos mais rasgados e, às vezes, mostra o rosto escondido atrás da cabeleira preta.
Eles têm apenas um álbum lançado, “Árabe Macabre”, além de um EP (“Carne Humana”, 2010). O disco de estreia traz dez músicas, sendo que a mais longa delas dura 2 minutos e 50 segundos. É uma paulada só. Destaque para “Venenom” e “Morrer Lentamente”.
Além de fazer um som de primeira, o Test resgata a atitude punk de fazer música na marra. Não querem saber de produtor, de gravadora, de palco, de imprensa… ficaram conhecidos por levar os equipamentos numa kombi (daí o apelido do João) até algum canto da cidade, de preferência na frente de um show de metal para aproveitar o público na fila, e tocar na rua, com a estrutura mais ordinária que se possa imaginar. Montam e desmontam tudo antes de a polícia aparecer para enxotá-los. Cru e pesado, como dá para conferir no vídeo abaixo.
Esse lance da kombi é muito legal. Boa sorte pra esses meninos de atitude!