Napalm Death faz show epiléptico em SP para galera alucinada

Napalm Death no palco do Clash Club, em São Paulo
Napalm Death no palco do Clash Club, em São Paulo

Já tinha ouvido falar da energia do Napalm Death no palco, mas nunca tinha ido a um show dos caras. No domingo (26/6), o lendário grupo inglês que botou o espírito punk no metal tocou no Clash Club. Fui lá ver e pirei! Sem dúvida, é a banda que mais incendeia o público ao vivo. Desde a primeira canção, Mass Appeal Madness, formou-se uma imensa roda de metaleiros enlouquecidos que só se desfez depois de Smear Campaign, que encerrou a noitada.

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A impressão é que Mark “Barney” Greenway, vocalista e homem de frente do Napalm Death, teve um ataque epiléptico bem no início da apresentação e foi curar depois que apagaram as luzes. Ele berra, treme, chuta o ar, corre e se joga no palco com a disposição de um moleque de 15 anos. (Mark já tem 46 anos). Tudo é rápido demais, seco, brutal, uma paulada sonora sem preocupação com melodias. E, mesmo que você não seja fã da banda, vai embarcar na proposta.

O Napalm Death nasceu nos anos 1980 revolucionando o universo do metal ao criar o grindcore, o estilo de músicas curtas, velozes e agressivas, sendo uma mistura de metal e hardcore. Seu álbum de estreia, Scum (1987), é sempre apontado na lista de melhores do gênero de todos os tempos. A fórmula é a seguinte: letras politizadas, curtíssimas, urradas por Mark como um manifesto a favor da liberdade, contra nacionalismos e o conservadorismo. Dá muito certo!

Fica difícil definir quando começa e quando termina uma música, elas se emendam de propósito, gerando um caos sonoro que reflete no caos da pista, com a galera se jogando no palco, cantando junto com Mark, depois mergulhando de volta na pista. Não rola ficar no seu canto, você é quase sugado para dentro da roda. Mark, Shane Embury (baixo), Mitch Harris (guitarra) e Danny Herrera (bateria) incentivam a bagunça e deixam o pau comer solto.

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Apesar de ser intenso, há alguns intervalos em que Mark discursa sobre temas como a dignidade de todo ser humano, o patriotismo tolo e a liberdade. Faz também algumas piadas, chegou a dizer que tocaria um cover de Love Me Tender. Eles são brutais, mas sabem que é preciso ter carisma também. Me chamou a atenção no final da apresentação, quando as luzes já estavam acesas, Mark atendendo cada fã em frente ao palco, dando autógrafos, tirando foto junto, conversando com a maior paciência. Isso ajuda a manter um público cativo, eles sabem disso.

A apresentação se apoiou no novo álbum lançado em 2015, o bom Apex Predator – Easy Meat, mas percorreu a trajetória completa da banda, um repertório recheado de pauladas como Scum, You Suffer e Siege of Power. A casa lotou, o que tem sido raro nos últimos tempos, pelo menos aqui em São Paulo. O espírito do metal, meio moribundo, às vezes dá sinal de vida.

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