A arte deformada de Jonathan Payne e nossa atração pelo bizarro

É estranha a nossa reação quando estamos à frente de algo bizarro: sentimos repulsa, mas não a ponto de querer se afastar do objeto (pelo menos, esse é o meu caso). Fiquei intrigado com as esculturas criadas pelo artista americano Jonathan Payne, especialmente a série que ele chama de Fleshlettes. São esculturas feitas de acrílico, cabelo e pedaços de borracha que reproduzem partes do corpo humano em combinações surreais, como uma língua cheia de dentes e uma massa de pele com verrugas e dedos sobrepostos.

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O hiperrealismo se assemelha às obras do australiano Ron Mueck, cujas exposições atraíram multidões em São Paulo (Pinacoteca) e no Rio de Janeiro (MAM). A proposta de Payne, no entanto, é bem mais extrema. Quando conheci a obra dele pensei logo nos filmes do canadense David Cronenberg, que adora explorar a mutação do corpo, a doença, a deformação.

Payne acaba de participar da beinArt Surreal Art Show, em Santa Monica, evento que reuniu mais de 50 artistas, entre eles Peter Cric e Jana Brike, e mostrou um panorama atual do surrealismo. Além dos Fleshlettes, Payne já fez esculturas de alienígenas, monstros (um deles é a cara do Alien), máscaras e bichos como cachorros e macacos. Todos causam estranhamento, seja pela formação desfigurada de alguns seres ou pelo realismo alcançado pelo artista.

Às vezes esquecemos como o corpo humano é formado por uma massa de carne e sangue. Quando Payne se propõe a mostrar uma parte dele (nariz, boca, orelha) descolada do todo, a sensação de repugnância nos surpreende.

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