Tenho a satisfação de anunciar que A Cruz e a Empada está de cara nova. O desenho do topo acima, com duas criaturas gosmentas que são atingidas pela explosão do novo logo (agora, em vermelho) é obra do talentoso Chico Felix, um quadrinista e músico carioca (ele toca em duas bandas, Evil Idols e Vida Ruim) que já fez trabalhos para revistas bagaceiras e prestigiosas como Prego e Mad.
Quando conheci o trabalho do Chico, por indicação de um amigo designer do Guia Folha, fiquei pirado. Tem muito a ver com a cultura trash com a qual me identifico e com os temas que tratamos por aqui: os traços sujos, os personagens que parecem ter saído de uma lata de lixo e o apreço por monstros e alienígenas em ambientes punk.
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“Um filme de zumbi pode ter muito mais vitaminas e sais minerais pra sua cabeça do que o maior campeão do Oscar”. Assim Chico se refere a seu trabalho e filosofia de vida. Conversei com o cartunista sobre as suas preferências e a atração pelo lado B da vida. Ele explicou assim: “Gosto do lance contracultural da coisa toda. Você descobre que, longe dos sucessos nas rádios e TV, existe um mundo mais rico, variado e excitante do que aquele empurrado garganta abaixo o tempo todo. Quando comecei a ouvir Ramones, entendia sobre o que eram as músicas, as referências aos filmes, era uma trilha pra tudo aquilo do que eu já gostava. E meus quadrinhos têm essa mesma onda”.
A lembrança da infância numa região menos cartão-postal do Rio de Janeiro –Chico morou no Engenho de Dentro, bairro da zona norte da capital carioca– moldou a sua obra. Ele era vidrado por bancas de jornal, onde ia para ler gibis e revistas como Animal e Chiclete com Banana. “Antes da internet, a banca de jornal era o portal para a expansão do mundo, tanto pelos quadrinhos como forma quanto pelas ideias”, diz.
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As influências extrapolam o mundo das HQs. Ao ver o trabalho de Chico vem à mente a estética encardida (e divertida) de Lourenço Mutarelli e Marcatti, mas, segundo ele, as referências vão além disso: “Gosto muito de desenho animado antigo, tipo Os Impossíveis, Zé Colmeia, misturado com capas de disco do Pushead [que já ilustrou capas do Metallica, Misfits e Dr. Dre] e Savage Pencil [trabalhos para bandas como Sonic Youth, Big Black e The Fall].
Outros desenhos do Chico aqui.
[…] + O fantástico mundo B do quadrinista Chico Felix […]
Sou fã desse bagaceiro desde os fanzines Desvio de Aluguél. è o tipo de cara que já surgiu com o traço pronto!
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Está ficando cada vez melhor!
Muito legal a entrevista com o Chico e os desenhos. Parabéns!
Já gosto cada vez mais do lado B.